terça-feira, 20 de março de 2018

MÚSICA(ATIVIDADES): PROBLEMA SOCIAL - SEU JORGE E ANA CAROLINA - COM GABARITO

Música(Atividades): Problema Social

                                              Seu Jorge
Seu Jorge cantou esta música com Ana Carolina e Seu Jorge

Se eu pudesse eu dava um toque em meu destino
Não seria um peregrino nesse imenso mundo cão
E nem o bom menino que vendeu limão
E trabalhou na feira pra comprar seu pão

E nem o bom menino que vendeu limão
E trabalhou na feira pra comprar seu pão
Não aprendia as maldades que essa vida tem

Mataria a minha fome sem ter que roubar ninguém
Juro que eu não conhecia a famosa Funabem
Onde foi a minha morada desde os tempos de neném
É ruim acordar de madrugada pra vender bala no trem

Se eu pudesse eu tocava em meu destino
Hoje eu seria alguém
É ruim acordar de madrugada pra vender bala no trem
Se eu pudesse eu tocava em meu destino
Hoje eu seria alguém

Seria eu um intelectual
Mas como não tive chance de ter estudado em colégio legal
Muitos me chamam pivete
Mas poucos me deram um apoio moral
Se eu pudesse eu não seria um problema social

Se eu pudesse eu dava um toque em meu destino
Não seria um peregrino nesse imenso mundo cão
E nem o bom menino que vendeu limão
E trabalhou na feira pra comprar seu pão
E nem o bom menino que vendeu limão
E trabalhou na feira pra comprar seu pão

Não aprendia as maldades que essa vida tem
Mataria a minha fome sem ter que roubar ninguém
Juro que eu não conhecia a famosa funabem
Onde foi a minha morada desde os tempos de neném

É ruim acordar de madrugada pra vender bala no trem
Se eu pudesse eu tocava em meu destino
Hoje eu seria alguém

É ruim acordar de madrugada pra vender bala no trem
Se eu pudesse eu tocava em meu destino
Hoje eu seria alguém
Seria eu um intelectual

Mas como não tive chance de ter estudado em colégio legal
Muitos me chamam pivete
Mas poucos me deram um apoio moral
Se eu pudesse eu não seria um problema social

Entendendo a canção:
01 – De que assunto trata esta canção?
      Fala de sofrimento, sociedade e pobreza.

02 – A canção traz uma letra em 1ª pessoa, por quê?
      Porque um homem assume ser um problema para a sociedade, mas pede respeito, pois isso não é culpa dele.

03 – A história desse homem é semelhante a de muitos brasileiros. Explique.
      Nasceu e cresceu em um família pobre, começou a trabalhar desde cedo, não teve chance de estudar, foi parar na Funabem.

04 – Que significa a sigla Funabem? Qual sua missão?
      Fundação para Infância e Adolescência. Sua missão é tirar os meninos de rua.

05 – Que ideologia podemos identificar presente na letra?
      A ideologia organiza-se “Como um sistema lógico e coerente de representações (ideias e valores) e de normas ou regras (de conduta) que indicam e prescrevem aos membros da sociedade o que devem pensar e como devem pensar, o que devem valorizar, o que devem sentir, o que devem fazer e como devem fazer”. (Chaui, 1980).

06 – Na letra da música percebemos algumas rimas. Complete o quadro copiando as palavras, observando a sílaba final que forma as rimas.

1ª estrofe (cão)
2ª estrofe (tem)
4ª estrofe
(Intelectual)
 Cão
 Tem
 Intelectual
 Limão                           
 Ninguém
 Legal
 Pão
 Funabem
 Moral

 Neném
 Social




07 – Sobre o primeiro verso da música responda:
a)   Quantas palavras têm:
        10 palavras. 

b)   Quantas letras têm:
        36 letras.

c)   Quantos espaços têm entre as palavras:
       09 espaços.

08 – A palavra grifada no segundo verso “Não seria um peregrino” significa:
(    ) Menino       X ) Viajante        (    ) Abandonado     (    ) Poeta

09 – A expressão “nesse imenso mundo cão”, quer dizer:
(    ) Que no mundo tem muitos cães.
(    ) Que o mundo é grande e bom.
X ) Que o   mundo é grande e cheio de problemas.
(    ) Que o mundo é imenso e com igualdade para todos.

10 – Copie os versos que falam sobre:
a)   O trabalho infantil:
       “Trabalhou na feira para comprar seu pão”.

b)   A violência:
       “Mataria a minha fome sem ter que roubar ninguém.” 

c)   Falta de apoio:
       “Mas poucos me deram um apoio moral.” 

d)   Fome:
      “É ruim acordar de madrugada pra vender bala no trem.” 

e)   Falta de escola:
      “Mas como não tive chance de ter estudado em colégio legal.” 

 11 – Explique o que entendeu por: “Mataria minha fome.”
      Resposta pessoal do aluno. 

12 – Explique o que o autor quis dizer com “Se eu pudesse eu não seria um problema social”.
      Professor, as questões 6 e 7, deverão ser discutidas com o grupo e respondidas oralmente, pois demandam inferências.

13 – O texto da música tem a finalidade de:
(    ) Denunciar os problemas sociais.
(    ) Fazer uma piada sobre os problemas sociais.
X ) Informar que no Brasil tem vários problemas sociais.
(    ) Fazer uma propaganda sobre os problemas do Brasil.

14 – Observe as palavras do quadro abaixo e organize-as de acordo com a ordem alfabética. 
madrugada
bala
Fome
vender
destino
acordar
conhecia
roubar
juro
hoje
estudar
legal
social
pão
imenso
trabalho
neném
onde
zíper
gosto
  
Acordar
Bala
Conhecia
Destino
Estudar
Fome
Gosto
Hoje
Imenso
Juro
Legal
Madrugada
Neném
Onde
Pão
Roubar
Social
Trabalho
Vender
Zíper

15 – Faça um pequeno texto sobre o que você entendeu da música: PROBLEMA SOCIAL.
      Resposta pessoal do aluno.


FILME(ATIVIDADES): QUANTO VALE OU É POR QUILO? SÉRGIO BIANCHI - SINOPSE E SUGESTÕES DE TRABALHO

FILME(ATIVIDADES): Quanto vale ou é por quilo?
Dicas e sugestões de atividades pedagógicas para o uso do filme em sala de aula.

Quanto vale ou é por quilo?
Ficha técnica do filme   
Título original: Quanto vale ou é por quilo?
Gênero: Drama     Duração: 104min
Lançamento (Brasil): 2005      
Direção: Sérgio Bianchi
Roteiro: Sérgio Bianchi, Eduardo Benaim e Newton Canitto
Produção: Patrick Leblanc e Luís Alberto Pereira
Fotografia: Marcelo Copanni  
Edição: Paulo Sacramento

Sinopse
        Quanto vale ou é por quilo? é um filme baseado em um conto de Machado de Assis que propõe uma reflexão sobre a sociedade brasileira escravocrata do século XVIII e a contemporânea.
        Em diversos momentos, o filme retrata que a escravidão, os capitães do mato eram atores de uma história escrita no passado. Mas, em outros, que tais “personagens” ainda escrevem a história do nosso cotidiano...
        No período escravocrata, homens-escravos foram fonte de lucro e uma moeda corrente paralela aos contos de réis. A exploração humana era fonte de status e riqueza. O filme mostra, dentro dessa perspectiva, que o trabalho e o lucro de muitas ONGs se baseia no mesmo princípio: exploração da miséria humana.
        Crítica do filme:
        “O filme é uma excelente fonte de aprendizado e reflexão. Mostra-nos que o tempo passou e (quase) nada mudou. E, principalmente, coloca uma pulga (gigante) atrás da orelha sobre como podemos intervir nesta realidade... Sobre as nossas ‘supostas’ ações sociais... Até que ponto efetivamente contribuímos para a melhoria da sociedade?
        O filme é forte, em alguns momentos tenso, mas muito valioso, além de ser um convite ao desafio: qual o significado de Quanto vale ou é por quilo?”.

Entendendo o filme:
01 – Reflexão.
      O filme pode ser utilizado como instrumento de reflexão e expansão de consciência de modo transversal, porém é inegável que a história, a sociologia e a filosofia são vieses muito presentes em todo o desenrolar da trama.

02 – História, a escravidão no Brasil.
      Enfocando a história, o filme retrata fielmente as questões referentes à escravidão no Brasil. O professor pode explorar essa temática mostrando as cenas:
      A escrava que comprava escravos e teve seus direitos usurpados.
      Os inúmeros instrumentos de castigo aos negros mostrados detalhadamente já no início do filme.
      A ação dos capitães do mato.
      O comércio de escravos como negócio lucrativo e próspero.
      Os direitos dos alforriados.
      As cartas de alforria.
      A relação entre escravos e seus proprietários.

03 – História, relação entre passado e presente.
      Ainda dentro da perspectiva do trabalho com a disciplina História, é possível desmistificar a questão que muitos alunos, equivocadamente, pontuam: “História é coisa do passado!” ou “Já passou mesmo, o que isso tem a ver comigo nos dias de hoje”!
      O filme transpõe a escravidão do século XVIII para diversas situações de escravidão no século XXI. E vai mais além: apresenta a “máfia” a qual pertencem algumas ONGs (Organizações Não Governamentais), que visam lucro na miséria das comunidades.

04 – Análise crítica, questões para a sua turma.
      Para que a análise crítica tenha o máximo de profundidade possível, você, após assistir ao filme, pode lançar as seguintes questões para sua turma, para que sejam respondidas em grupos ou individualmente e depois debatidas no grande grupo:
      O que é justiça afinal? Aponte situações no filme em que a justiça foi cumprida e outras em que a justiça falhou.
      A escravidão realmente acabou?
      Quais são as novas formas de escravidão?
      Como o filme retrata as favelas? Comente a cena na qual Ricardo atola o carro próximo à cena de um assassinato.
      De acordo com seu entendimento, qual é o papel das ONGs? Como o filme retrata esta realidade?
      No Brasil há seriedade? Como o filme traça o perfil social do nosso país?
      Existe ética na publicidade/marketing? Como essa situação é abordada no filme?
      O que é caridade? O que é doação? A doação é somente algo material?
      O que é assistencialismo? Em sua opinião, o Brasil é um país assistencialista?
      Como você analisa a situação mostrada no filme, em que duas ONGs brigam entre si para darem alimentos, sopa e cobertores a mendigos de rua?
      Por que as doações são, muitas vezes, vinculadas a crescimento espiritual?
      A oferta de Noemia a Mônica, para o custeio do casamento, é uma forma de escravidão? Que outra situação do filme retrata a mesma situação?
      Como os esquemas de corrupção são mostrados no filme? Em que situações?
      Mônica decide criar uma menina negra. Por quê?
      O filme retrata o crescimento das penitenciárias como fator de aquecimento da economia. Por quê? Em sua opinião, este pensamento é correto?
      Aumentar o número de penitenciárias no Brasil pode diminuir os índices da violência urbana?
      Por que o personagem interpretado por Lazaro Ramos compara as penitenciárias a navios negreiros?
      O que o personagem interpretado por Lazaro Ramos quer dizer com a expressão “Liberdade para consumir”?
      Como Candinho se envolve no mundo do crime?
      Qual é a visão da sobrinha de Mônica sobre o mundo da moda? E seus valores?
      Quem são os novos capitães do mato?
      Como o filme retrata as campanhas publicitárias desconexas da realidade?
      O que é abismo social?
      Por que o personagem interpretado por Lazaro Ramos afirma que sequestro é uma forma de distribuição de renda?
      O filme menciona o marketing da violência. O que isso quer dizer?
      O sequestro de Marco Aurélio foi fruto da desigualdade social?
      O que é um favor? Favor se paga? Ou se retribui? Qual a “moeda corrente” nos pagamentos dos favores?
      Como o filme retrata a “reinclusão social”? Analise a fala de Ricardo durante a festa de premiação, quando menciona a empregabilidade dos ex-detentos.
      Em sua opinião, o que significa a expressão: “Vale quanto pesa ou é por quilo?”

05 – Projeto multidisciplinar, dados estatísticos.
      Ainda é possível, dentro da disciplina de matemática ou em um projeto multidisciplinar, analisar os dados numéricos levantados pelo filme. Sugiro que eles sejam pesquisados novamente pelos alunos de modo a atualizar os valores que se referem ao ano de lançamento do filme: 2005.
      Dados para análise:
      Em determinada situação do filme, uma escrava Lucrecia necessitava de 34 mil réis para comprar sua carta de alforria. Quanto equivale essa quantia em reais?
      Maria Antonia vende a carta de alforria a Lucrecia por 42238 réis, obtendo uma lucratividade de 7,5% ao ano. Que operações financeiras da atualidade podem render percentuais iguais ou superiores a esses?
      No mercado da solidariedade, cada criança carente corresponde a 5 novos empregos. Qual é a dimensão desta empregabilidade neste ano?
      Segundo o filme, é levantada ao ano uma quantia de U$ 10.000,00 por criança carente ao ano no Brasil. O que seria possível realizar se essa verba efetivamente fosse utilizada para o fim a que se destina?
      Quanto custa a manutenção mensal de presidiários no Brasil?
      Qual o volume anual de recursos financeiros movimentados anualmente por ONGs brasileiras?

06 – Relação com outros eventos recentes.

      É possível comparar as situações vistas no filme com a cena trágica da interceptação da ajuda humanitária a Gaza?

07 – ONGs, todas são como as retratadas no filme?
      É necessário fazer um fechamento com os alunos no sentido de esclarecimento: nem todas as ONGs funcionam como as retratadas no filme. Há muita gente séria no terceiro setor! Para diferenciar o joio do trigo é necessário acompanhar as atividades, analisar as finanças e ser crítico.

08 – Últimas dicas.
      E a última dica. Assista ao filme até o final mesmo! Você pode pensar que o filme acabou, mas logo após os letreiros do final, há mais um “pedacinho” surpreendente e que amplia a discussão!
      Nos extras, há um depoimento muito interessante de Iná Camargo. Confira também!



QUESTÕES DO ENEM - COM GABARITO

ENEM (2000)
POEMA: BICHO URBANO

Se disser que prefiro morar em Pirapemas
Ou em outra qualquer pequena cidade do país,
Estou mentindo
Ainda que lá se possa de manhã
Lavar o rosto no orvalho
E o pão preserve aquele branco
Sabor de alvorada.
A natureza me assusta.

Com seus matos sombrios suas águas
Suas aves que são como aparições
Me assusta quase tanto quanto
Esse abismo
De gases e de estrelas
Aberto sobre minha cabeça.

              GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1991.

          Embora não opte por viver numa pequena cidade, o poeta reconhece elementos de valor no cotidiano das pequenas comunidades. Para expressar a relação do ser humano com alguns desses elementos, ele recorre à sinestesia, construção de linguagem em que se mesclam impressões sensoriais diversas. Assinale a opção em que se observa esse recurso.
a)  “e o pão preserva aquele branco / sabor de alvorada”.
     b) “ainda que lá se possa de manhã / lavar o rosto no o orvalho”.
     c)  “ a natureza me assusta./ com seus matos sombrios suas águas”.
     d) “suas aves que são como aparições / me assusta quase tanto quanto”.
     e) “me assusta quase tanto quanto / esse abismo / de gazes e de estrelas”.

ENEM (2011)



       Quem é pobre, pouco se apega, é um giro-o-giro no vago dos gerais, que nem os pássaros de rios e lagoas. O senhor vê:  o Zé-Zim, o melhor meeiro meu aqui, risonho e habilidoso. Pergunto: - Zé-Zim, por quê é que você não cria galinhas-d´angola, como todo o mundo faz? – Quero criar nada não... – me deu resposta: - Eu gosto muito de mudar. [...] Belo um dia, ele tora. Ninguém discrepa. Eu, tantas, mesmo digo. Eu dou proteção. [...] essa não faltou também à minha mãe, quando eu era menino, no sertãozinho de minha terra. [...] Gente melhor do lugar eram todos dessa família Guedes, Jidião Guedes; quando saíram de lá, nos trouxeram junto, minha mãe e eu. Ficamos existindo em território baixio da Sirga, da outra banda, ali onde o de- janeiro vai no São Francisco, o senhor sabe.
                     ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas.
                                                                   Rio de Janeiro: José Olympio, 1956.

01 – Na passagem citada, Riobaldo expõe uma situação decorrente de uma desigualdade social típica das áreas rurais brasileiras marcadas pela concentração de terras e pela relação de dependência entre agregados e fazendeiros. No texto, destaca-se essa relação porque o personagem-narrador:
     a)  Relata a seu interlocutor a história de Zé-Zim, demonstrando sua pouca disposição em ajudar seus agregados, uma vez que superou essa condição graças à sua força de trabalho.
     b)  Descreve o processo de transformação de um meeiro – espécie de agregado – em proprietário de terra.
     c)  Denuncia a falta de compromisso e a desocupação dos moradores, que pouco se envolvem no trabalho da terra.
    d)  Mostra como a condição material da vida do sertanejo é dificultada pela sua dupla condição de homem livre e, ao mesmo tempo, dependente.
    e)   Mantém o distanciamento narrativo condizente com sua posição social, de proprietário de terras.

02 – Esta história, com narrador-observador em terceira pessoa, apresenta os acontecimentos da perspectiva de Miquilim. O fato de o ponto de vista do narrador ter Miquilim como referência, inclusive espacial, fica explicitado em:
     a) “O homem trouxe o cavalo cá bem junto”.
     b) “Ele era de óculos, corado, alto [...]”.
     c) “O homem esbarrava o avanço do cavalo [...]”
     d) “Miquilim queria ver se o homem estava mesmo sorrindo para ele, [...]”.
     e) “Estava mãe, estava tio Terêz, estavam todos”.

UEL (1995)

      O senhor tolere, isto é o sertão. Uns querem que não seja: que situado sertão é pôr os campos-gerais a fora e dentro, eles dizem, fim de rumo, terras altas, demais do Urucúia. Toleima. [...] Esses gerais são sem tamanho. Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniões... O sertão está em toda a parte.

     a)  José Lins do Rego.
     b) Graciliano Ramos.
     c)  João Guimarães Rosa.
     d) Jorge Amado.
     e) João Cabral de Melo Neto.

ENEM (2010)

S. O. S. PORTUGUÊS

     Por que pronunciamos muitas palavras de um jeito diferente da escrita? Pode-se refletir sobre esse aspecto da língua com base em duas perspectivas. Na primeira delas, fala e escrita são dicotômicas, o que restringe o ensino da língua ao código. Daí vem o entendimento de que a escrita é mais complexa que a fala, e seu ensino restringe-se ao conhecimento das regras gramaticais, sem a preocupação com situações de uso. Outra abordagem permite encarar as diferenças como um produto distinto de duas modalidades da língua: a oral e a escrita. A questão é que nem sempre nos damos conta disso.

                             S.O.S. Português. Nova Escola. São Paulo: abril, ano XXV.                                                                                          n. 231, abr. 2010.

      O assunto tratado no fragmento é relativo à língua portuguesa e foi publicado em uma revista destinada a professores. Entre as características próprias desse tipo de texto, identificam-se as marcas linguísticas próprias do uso.
     a)     Regional, pela presença de léxico de determinada região do Brasil.
     b)    Literário, pela conformidade com as normas da gramática.
     c)     Técnico, por meio de expressões próprias de textos científicos.
     d)    Coloquial, por meio do registro de informalidade.
     e)     Oral, por meio do uso de expressões típicas da oralidade.


ENEM (2011)

         LÉPIDA E LEVE


Língua do meu Amor velosa e doce.
Que me convences de que sou frase
Que me contornas, que me vestes quase.
Como se o corpo meu de ti vindo me fosse
Língua que me cativas, que me enleias


Os surtos de ave estranha,
Em linhas longas de invisíveis teias,
De que és, há tanto, habilidosa aranha...
[...]
Amo-te as sugestões gloriosas e funestas,
Te amam, ó língua-lama, ó língua-resplendor,
Pela carne de som que à ideia emprestas
E pelas frases mudas que proferes
Nos silêncios de amor!...

                                    MACHADO, Gilka, in: MORICONI, Ítalo. (Orgs.).
                                                   Os sem maiores poemas brasileiros do século.
                                                                     Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

          A poesia de Gilka Machado identifica-se com as concepções artísticas simbolistas. Entretanto, o texto selecionado incorpora referências temáticas e formais modernistas, já que, nele, a poeta:
     a)  Procura desconstruir a visão metafórica do amor e abandona o cuidado formal.
     b) Concebe a mulher como um ser sem linguagem e questiona o poder da palavra.
     c)  Questiona o trabalho intelectual da mulher e antecipa a construção do verbo livre.
     d) Propõe um modelo novo de erotização na lírica amorosa e propõe a simplificação verbal...
    e)  Explora a construção da essência feminina, a partir da polissemia de “língua”, e inova o léxico.

 PUC – CAMP (2010)


      A sua ferocidade ultrapassa tudo: sulcam de profundas cicatrizes, com um ferro, as faces dos recém-nascidos para lhes destruir as raízes dos pelos; e desse modo crescem e envelhecem imberbes e sem graça, como eunucos. Têm o corpo atarracado, os membros robustos e a nuca grossa: a largura das costas fá-los assustadores. [...] Não põem pé em terra nem para comer nem para dormir e dormem deitados sobre o magro pescoço da montada, onde sonham à sua vontade [...] Nenhum deles se for interrogado poderá dizer donde é natural, porque, concebido num lugar, nasceu já noutro ponto e foi educado mais longe.

                             Descrição dos Hunos em Fernando Espinosa. Antologia de
                       Textos históricos medievais. Lisboa: Sá da Costa, 1972, p. 4-6.

          Nessa descrição que faz Espinosa, os elementos da barbárie e da animalização do homem ganham uma expressão igualmente violenta, e parecem antecipar.
     a) O prestígio que ganhariam as descrições pitorescas e detalhistas nos tratados dos primeiros viajantes e exploradores coloniais.
     b) Os recursos de que se valeriam os prosadores naturalistas, interessados em associar condição biológica, classe social e comportamento humano.
     c) As imagens de que se valeriam os modernistas de 22, quando buscaram denúncias uma história nacional marcada por sucessivas violências.
     d) O gosto manifesto por escritores intimistas da década de 30 do século XX, quando davam vazão à melancolia e à negatividade pessoais.
     e) A atitude de poetas interessados no peso das palavras, consideradas como signos concretos, materiais, expressivos por si mesmos.

       
ENEM (2004)
                                     BRASIL



O Zé Pereira chegou de gravata
E perguntou pro guarani da mata virgem
- Sois cristão?
- Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
Teterê tetê Quizá Quizá Quece!
La longe a onça resmungaava Uu! Ua! Uu!
O negro zonzo saído da fornalha


Tomou a palavra e respondeu
- Sim pela graça de Deus
Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval.

    ANDRADE, Oswald de, Pau-Brasil. 2. Ed. São Paulo: Globo. 2003, p. 165.

01 – Este texto apresenta uma versão humorística da formação do Brasil, mostrando-a como uma junção de elementos diferentes. Considerando-se esse aspecto, é correto afirmar que a visão apresentada pelo texto é:

     a) Ambígua, pois aponta tanto o caráter desconjuntado da formação nacional, quanto parece sugerir que esse processo, apesar de tudo, acaba bem.
     b) Inovadora, pois mostra que os três grupos formadores – portugueses, negros e indígenas – pouco contribuíram para a formação da identidade brasileira.
     c) Moralizante, na medida em que aponta a precariedade da formação cristã do Brasil como causa da predominância de elementos primitivos e pagãos.
     d) Preconceituosa, pois critica tanto indígenas como negros, representando de modo positivo apenas o elemento europeu, vindo com as caravelas.
     e) Negativa, pois retrata a formação do Brasil como incoerente e defeituosa, resultando em anarquia e falta de seriedade.

02 – A polifonia, variedade de vozes, presente no poema resulta da manifestação do:
     a) Poeta e do colonizador apenas.
     b) Colonizador e do negro apenas.
     c)  Negro e do indígena apenas.
     d) Colonizador, do poeta e do negro apenas.
     e)  Poeta, do colonizador, do indígena e do negro.

                ROSA, N. In:  SOBRAL, João Jonas Veiga. A tradução dos bambas.
     Revista Língua Portuguesa, ano 4, n. 54. São Paulo: segmento, abr.2010.

ENCCEJA (2002)



    O voo negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos moribundos.
       - Anda, excomungado.
   O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou mata-lo. Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. 
A seca aparecia-lhe como um fato necessário – e a obstinação da criança irritava-o.
Certamente esse obstáculo miúdo não era culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, não sabia onde.

                           RAMOS, Graciliano. Vidas secas. São Paulo: Martins, 1973.

          Em vidas secas, publicado em 1938, estão presentes o desamparo e a incerteza do homem quanto ao próprio destino. A incerteza de Fabiano quanto a seu destino aparece no seguinte passagem do texto:
     a)  O pirralho não se mexeu.
     b) ...A obstinação da criança irritava-o
     c)  ...Esse obstáculo miúdo... dificultava a marcha.
     d) Precisava chegar, não sabia onde.

ENCCEJA (2005).



          [...] no começo de 1937, utilizei num conto a lembrança de um cachorro sacrificado na Maniçoba, interior de Pernambuco, há muitos anos. Transformei o velho Pedro Ferro, meu avô, no vaqueiro Fabiano; minha avó tomou a figura de sinhá Vitória, meus tios pequenos, machos e fêmeas, reduziram-se a dois meninos [...]

                  Fragmento de carta de Graciliano Ramos a João Conde, 1944.

          Sinhá Vitória, Fabiano, Baleia e os dois meninos são personagens do romance Vidas secas (1938). A carta acima é de seu autor, Graciliano Ramos (1892 – 1953). Ela nos informa que, para compor a identidade dos personagens citadas, o escritor:

     a)  Fez pesquisas em livros de história.
     b)  Recriou elementos de suas memórias.
     c)  Entrevistou parentes e amigos.
     d) Inspirou-se em outros romances.