terça-feira, 8 de maio de 2018

TEXTO: HISTORINHA URBANA - RUY ESPINHEIRA FILHO - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO


Texto: HISTORINHA URBANA

    – Pare na esquina – disse o passageiro.
        O chofer obedeceu.
        – São cinco reais – informou ele, indicando os números antes de fazer o taxímetro voltar a zero. O passageiro estendeu-lhe uma nota de dez:
        – Cobre aqui.
        O motorista balançou negativamente a cabeça:
        – Não tenho troco – disse.
        – E como é que vamos fazer? – perguntou o passageiro. – Se houvesse alguém aí em casa… Mas está todo mundo viajando e o dinheiro mais miúdo que eu tenho é essa nota de dez.
        – Bem – falou o chofer – o jeito é a gente procurar onde trocar essa nota.
        – Sim, acho que é a única coisa que se pode fazer – concordou o passageiro.
        O táxi arrancou quase num salto.
        – Por aqui não vai ser nada fácil encontrar quem troque – disse o passageiro, reajustando os rins abalados pela arrancada. – Ainda mais hoje, domingo, com quase tudo fechado.
        Rodaram algum tempo em silêncio. Depois o chofer falou:
        – Vamos ver se conseguimos trocar naquela quitanda lá adiante.
        Não conseguiram.
        – Acho que esse cara está é com má vontade – disse o chofer quando retornaram ao carro.
        – Talvez ele não tenha mesmo troco – disse o passageiro.
        – Então experimento trocar comprando uma carteira de cigarro.
        – Eu não fumo – respondeu o passageiro.
        – Então… compre qualquer coisa.
        – Que coisa?
        – Bom… Que tal uma garrafa de cachaça?
        Não havia troco. A garrafa continuou na prateleira, para decepção do chofer.
        Voltaram ao táxi. Daí por diante, infelizmente, estava tudo fechado. O passageiro se sonhava em casa, depois de uma longa chuveirada, lendo o jornal comodamente instalado na sua poltrona predileta, quando o chofer voltou a falar.
        – Bom, acho que estamos novamente no ponto de partida – disse ele.
        – É – concordou melancolicamente o passageiro. – Foi logo ali adiante que eu tomei o seu táxi.
        – Isso quer dizer que não há mais problema – falou o chofer.
        – Não? – perguntou o passageiro.
        – Claro que não. Daqui pra sua casa a corrida deu cinco reais, não foi?
        – Foi.
        – Então, embora o taxímetro esteja desligado, sabemos que uma corrida de sua casa para cá também dá cinco cruzeiros. Sendo assim, não precisamos mais trocar o dinheiro: são exatamente dez reais. Eu dispenso o quebrado a mais do tempo em que ficamos parados naquela quitanda.
        O passageiro sentiu-se subitamente aliviado. Entregou a nota de dez ao chofer, agradeceu, saltou do táxi – e foi a pé para casa.


RUY ESPINHEIRA FILHO. Sob o último sol de fevereiro.
Civilização Brasileira, 1975, Rio de Janeiro.

Entendendo o texto:
01 – Relacione a frase ao significado apresentado da palavra nota:
1. O passageiro estendeu-lhe uma nota de dez.
2. O freguês apresentou a nota das compras.
3. O violinista acertou as notas executadas no concerto.
4. O professor informou a nota do aluno.
a. (4) resultado numérico do aproveitamento de um aluno na escola
b. (3) sinal que representa um som, na música.
c. (2) relação de mercadoria com quantidade e preço.
d. (1) papel que representa moeda, dinheiro.

02 – Para que serve o taxímetro?
      Serve para indicar o valor a ser pago baseado na distância percorrida e no tempo utilizado no transporte de pessoas.

03 – O passageiro não tinha dinheiro trocado e o motorista não tinha troco. Na sua opinião, qual deles é o principal causador do impasse?

 Por lei é o vendedor que tem de fornecer o troco. No caso do texto, a responsabilidade é do motorista e não do passageiro.

04 – Todas as sugestões para resolver a questão partiram do motorista. Isso demonstra que:
a. (   ) o motorista se sentia culpado
b. (X) o passageiro era passivo e acomodado
c. (   ) o motorista queria lucrar com a situação
d. (   ) o passageiro pretendia não pagar a corrida.

05 – Se você fosse o passageiro, que solução apresentaria logo no início para resolver o problema?
      Resposta pessoal do aluno.

06 – Observamos pelo desenvolvimento do texto que o passageiro:
a. (X) não fumava nem bebia bebida alcoólica
b. (   ) não fumava, mas bebia
c. (   ) fumava e bebia
d. (   ) fumava mas não bebia

07 – De acordo com o texto, conclui-se que o motorista:
a. (   ) não fumava nem bebia bebida alcoólica
b. (X) não fumava, mas bebia
c. (   ) fumava e bebia
d. (   ) fumava mas não bebia.

08 – Justifique sua resposta à questão anterior.
O texto informa que o motorista ficou decepcionado por não ter sido possível comprar a garrafa de cachaça. Provavelmente ele queria bebê-la.

09 – Quando o chofer apresentou a última solução, o passageiro sentiu-se aliviado. Por que se sentiu aliviado se estava outra vez no mesmo lugar do início da corrida?
Porque se viu livre do problema do troco.

10 – Na sua opinião, a última solução apresentada pelo motorista foi correta? Justifique.
      Resposta pessoal do aluno.


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