quarta-feira, 23 de maio de 2018

LENDA: JURUVA SALVOU O FOGO - ANTONIETA DIAS DE MORAIS - COM GABARITO


Lenda: JURUVA SALVOU O FOGO

      De repente, o fogo se apagou nos quatro cantos da Terra. Não se sabia por que, mas apagou. Antes disso acontecer, havia fogueiras espalhadas pelo mundo: fogueiras grandes que serviam às tribos para se comunicarem umas com as outras; fogueiras menores, para os índios se aquecerem nas noites de friagem; fogueiras pequenas, para cozinhar os alimentos; e até fogueirinhas, acesas de brincadeira, pelas crianças.
        De repente, sem nenhuma razão, as fogueiras se apagaram.
        Nunca os índios souberam por quê. Nunca se soube por que as fogueiras se apagaram ao mesmo tempo. As fogueiras e os braseiros apagaram-se!
        Somente num lugar distante, longe, muito longe, havia uma última brasinha acessa, prestes a extinguir-se. Quem poderia ir buscá-la tão depressa como era necessário?
        Alguém deveria chegar a tempo de salvar aquela última centelha, antes do fogo apagar-se para sempre.
        Os índios Parecis reuniram-se e chamaram os animais da floresta, para ajudarem a trazer a última brasa. Todos se recusaram. Uns diziam que não dava tempo; outros alegavam que se queimariam; outros nem responderam, partiram sem dar explicações.
        Os índios Parecis, então, chamaram os pássaros da floresta para ajudá-los. Perguntaram qual dentre eles iria buscar a última brasa que se apagava num lugar distante.
        Juruva não se fez rogar. Ofereceu-se logo para trazer a última brasa que restava acesa na terra. Não havia tempo a perder, e o pássaro partiu ligeiro como seta de zarabatana.
         Voou. Voou. Voou... Por fim, chegou àquele lugar, longe, muito longe, que ninguém sabia onde ficava.
          Revolveu o borralho, e tirou das cinzas aquela última brasinha. E, agora, como a levaria?  Não tinha mãos.
          Tomou-a no bico, mas logo sentiu o ardor de queimadura. Virou daqui, virou dali, saltitando, mas nada de achar um jeito de segurar a brasa. De repente, teve uma ideia. Apanhou a brasinha entre as duas penas compridas da cauda, e voltou, voando depressa ao encontro dos Pareci.
          Ao chegar, entregou a preciosa brasa quase apagada. Os índios receberam-na com muito cuidado. Colocaram-na entre ervas delicadas, musgos e palhinhas secas, uma espécie de ninho preparado para receber aquele tesouro.
          A tribo reuniu-se ao redor, e todos começaram a soprar a brasinha, que aos poucos parecia reanimar-se. De repente, apareceu uma chama minúscula, um quase nada, uma esperançazinha...
          Foi o bastante para os índios se alegrarem. Todos sopraram com mais força. Entregou-se uma língua de fogo; a seguir outra, e mais outra ... o fogo estava salvo!
          Os Parecis atiraram flechas secas e gravetos, até subirem altas labaredas vermelhas, com fulgores azulados. Agora, era preciso alimentar o fogo. Primeiro, trouxeram galhos pequenos; depois, maiores e, por fim, grandes toros de madeira seca. A fogueira ardia. Pipocavam faíscas de ouro como se o próprio ar se incendiasse.
         Era quase noite quando a dança começou.
         Primeiro, o bastão de ritmo golpeou o chão. Depois, os pés golpearam o chão num baticum formidável.
         O fogo roncava, bravo como um jaguar. Lampejos de ouro dançavam na folhagem. A floresta estremecia ao som dos cantos e das danças rituais.
        Encarapitado numa árvore, Juruva via o fogo subir em labaredas, que punham clarões no céu, e reflexos metálicos em sua plumagem colorida. Olhou para a própria cauda. Antes, era tão bonita, e agora apresentava duas falhas bem no lugarzinho em que a brasa queimara! Ficaria com aquela falha para sempre!
        “Não logo” – disse consigo mesmo. “Todos vão saber que salvei o fogo, para entregá-lo aos índios Parecis.”

Antonieta Dias de Morais (org.).  Contos e lendas de índios no
  Brasil: para crianças. São Paulo, Nacional.       
Entendendo a lenda:      
                  
01 – Qual é o problema que a história apresenta e que tenta resolver?
      A falta do fogo nas aldeias.

02 – O que os índios deixaram de fazer sem o fogo?
      Deixaram de comunicar com outras tribos, aquecer nas noites frias, cozinhar os alimentos, etc.

03 – Quem era Juruva?
      Era um pássaro.

04 – A quem os índios Parecis chamou primeiro para poder buscar a última brasa?
      Chamou os animais, e nenhum aceitou ir buscar a brasa.

05 – Quando eles chamaram os pássaros, quem aceitou ir buscar?
      Foi o Juruva.

06 – Observe o trecho: “Voou. Voou. Voou ...”
        Por que você acha que o autor repetiu a palavra voou?
      Porque era longe a distância. E foi um meio de mostrar o tamanho da distância.

07 – Observe mais esse trecho:
            “Ergueu-se uma língua de fogo; a seguir outra, e mais outra... O fogo estava salvo!”
a)   Qual o significado das reticências no trecho acima?
Significa que tem mais algumas palavras (frase) escrita.

b)   Agora explique por que foi utilizado o ponto de exclamação.
Foi utilizado como uma afirmativa.

     c) Se você tivesse que reescrever essa frase: “O fogo estava salvo!”, que palavras do quadro abaixo acrescentaria para dar mais emoção ainda ao trecho?
        Ufa! – Ih! – Credo! – Oh! – Ai! – Tomara!
      Resposta pessoal do aluno.

08 – Como o Juruva conseguiu trazer a brasinha para os Índios Parecis?
      Trouxe entre as duas penas compridas da sua calda.

09 – Em que lugar foi colocado a brasinha pelos índios?
      Colocaram-na entre ervas delicadas, musgos e palhinhas secas.

10 – De que maneira eles conseguiram fazer da brasinha, uma enorme fogueira?
      Todos começaram a assoprar a brasinha, logo pareceu reanimar-se. Então eles sopraram cada vez mais.

11 – Após acender a brasinha, eles precisavam alimentar o fogo, o que eles fizeram? 
      Primeiro trouxeram galhos pequenos, depois maiores e por fim grandes toras de madeira seca.

12 – De acordo com o texto, qual foi o pensamento do Juruva?
      “Todos vão saber que salvei o fogo, para entrega-lo aos Índios Parecis.”

13 – Quem é o autor do texto “Juruva salvou o fogo”?
      Antonieta Dias de Morais.


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