sábado, 7 de abril de 2018

QUESTÕES ENEM/VESTIBULAR - POESIA E LITERATURA - COM GABARITO

Poesia: RETRATO
               Cecília Meireles


     Eu não tinha este rosto de hoje,
     Assim calmo, assim triste, assim magro.
     Nem estes olhos tão vazios,
     Nem o lábio tão amargo.
     Eu não tinha estas mãos sem força,
     Tão paradas e frias e mortas,
     Eu não tinha este coração
     Que nem se mostra.
     Eu não dei por esta mudança,
     Tão simples, tão certa e fácil:
     - Em que espelho ficou perdida
     A minha face?
                                                                        Cecilia Meireles.

Assinale a alternativa incorreta de acordo com o texto e com a leitura da obra “Viagem”.
     a)   A expressão “mãos sem força”, que aparece no primeiro verso da segunda estrofe, indica um lado fragilizado e impotente do “eu” poético diante de sua postura existencial.
     b)   As palavras mais sugerem do que escrevem, resultando, daí, a força das impressões sensoriais. Imagens visuais e auditivas, em outros poemas, sucedem-se a todo momento.
     c)   O tema revela uma busca da percepção de si mesmo. Antes de um simples retrato, o que se mostra é um autorretrato, por meio do qual o “eu” poético olha-se no presente, comparando-se com aquilo que foi no passado.
     d)   Não há no poema o registro de estados de ânimo vagos e quase incorpóreos, nem a noção de perda amorosa, abandono e solidão.

(UFU) – Com relação às personagens de “São Bernardo”, de Graciliano Ramos, assinale a alternativa incorreta.
     a)   Paulo Honório é egoísta, ciumento, invejoso, cínico e vil por natureza. Contudo, no decorrer da narrativa, ao relembrar a sua trajetória de vida, assume uma postura crítica.
     b)   A presença constante do padre Silvestre na fazenda mostra que Paulo Honório conhecia e valorizava o poder da igreja no esquema sociopolítico da República Velha.
     c)   Madalena é vista na narrativa como vítima, tanto do meio quanto no indivíduo. Aspira à liberdade e, por isso, luta para não se curvar à servidão. Não conseguindo, suicida-se.
     d)   Margarida criou Paulo Honório como se fosse sua mãe. A presença dela na fazenda justifica-se, apenas, pelo amor e consideração de Paulo Honório.


(UFU) – Assinale a alternativa que NÃO se refere à obra “São Bernardo”, de Graciliano Ramos.
     a)   Na personalidade de Paulo Honório percebe-se uma fatalidade que o coloca no limiar do infortúnio: após o suicídio de Madalena e o abandono por parte daqueles que o cercavam, reconhece sua brutalidade e egoísmo, porém é incapaz de lutar contra esses sentimentos.
     b)   A fazenda título São Bernardo é um empreendimento que a tecnológicas, transforma em um típico exemplo da penetração de elementos capitalista modernos no campo brasileiro.
     c)   Paulo Honório, narrador de São Bernardo, adquire uma consciência de sua problemática, suficiente para promover uma mudança radical em sua personalidade. Despe-se de sua máscara, tornando-se uma personagem sentimental e flexível.
    d)   A narrativa apresenta em primeira pessoa e não perde a objetividade, apesar de tratar da vida do próprio narrador: o fato de a narração ocorrer após o desenrolar dos acontecimentos garante ao narrador a consciência necessária à objetividade radical do homem.


(UFU) – VIAGEM
      “Toda viagem destina-se a ultrapassar fronteiras, tanto dissolvendo-as como recriando-as. Ao mesmo tempo que demarca diferenças singularidades ou alteridades, demarca semelhanças, continuidades, ressonâncias. Tanto singulariza como universaliza. Projeta no espaço tempo um eu nômade, reconhecendo as diversidades e tecendo as continuidades”.

                                               Otávio Lanni, “A Metáfora da Viagem”.

Considerando o fragmento acima e a leitura da obra “Viagem”, de Cecilia Meireles, responda.
     a)   O que significa “Viagem” para o universo poético de Cecilia Meireles.
      A viagem seria a própria vida.

     b)   Justifique sua resposta, fundamentando-a com elementos presentes nos poemas da autora.
      A vida seria um tipo de viagem porque nela nada é permanente. Na obra da autora, sempre aparecem elementos da natureza, que simbolizam a efemeridade essencial da existência, como a flor, a nuvem, a onda.


(FGV) – Leia atentamente os dois fragmentos a seguir extraídos de “Vidas Secas de Graciliano Ramos”, e desenvolva a questão que se segue.

TEXTO 1: “Alcançou o pátio, enxergou a casa baixa e escura, de telhas pretas, deixou atrás os juazeiros, as pedras onde jogavam cobras mortas, o carro de bois. As alpercatas dos pequenos batiam no chão branco e liso. A cachorra Baleia trotava arquejando, a boca aberta.”
                 “Fabiano” em: Ramos, G. “Vidas Secas”. Rio de Janeiro:
                                                                            José Olympio, 1947.

TEXTO 2: “Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria cheio de preás, gordos, enormes”.

                      “Baleia” em: Ramos, G. “Vidas Secas”. Rio de Janeiro:
                                                                            José Olympio, 1947.

A expressividade do discurso de “Vidas Secas” ocorre por meio da forma singular com que são trabalhados todos os níveis gramaticais, mas encontra nos nomes (substantivos e adjetivos) e nos tempos verbais, lugar especial na construção dos sentidos. Analise essa afirmação relacionando comparativamente os dois fragmentos selecionados.
      O texto 1 é narrativo descritivo. Faz uso de verbos no pretérito perfeito, indicando ações pontuais, e, no pretérito imperfeito, indicando ações habituais. Os substantivos são concretos.

      O texto 2, a cachorra Baleia deixa de ser elemento do conjunto e passa a ser tratada como uma pessoa que tem sonhos e desejos. O texto cria uma atmosfera de quimera, quase surrealista, para isso, usa o futuro do pretérito.

(FUVEST) – Leia o seguinte texto:

VERÃO EXCESSIVO

Eu sei que uma andorinha não faz verão, filosofou a andorinha-de-barriga-branca. Está certo, mas agora nós somos tantas, no beiral, que faz um calor terrível, e eu não aguento mais!

                        Carlos Drummond de Andrade – “Contos Plausíveis”.

     a)   Com base na queixa da andorinha-de-barriga-branca, reformule o provérbio “Uma andorinha não faz verão”.
      Uma andorinha não faz verão, mas muitas juntas produzem um calor insuportável.

     b)   Está adequado o emprego do verbo “filosofou”, tendo em vista que ele se refere ao provérbio citado no texto? Justifique sucintamente sua resposta.
      O emprego do verbo “filosofar” se justifica por ter ele sido usado de modo informal dando o sentido de “meditar”, “chegar a uma conclusão”. O provérbio que foi citado exprime o conteúdo da reflexão da andorinha.


(FUVEST) – Graciliano Ramos, em seu livro “Infância”, reflete sobre uma de suas marcantes impressões de menino. Bem e mal ainda não existiam, faltava razão para que nos afligissem com pancadas e gritos. Contudo as pancadas e os gritos figuravam na ordem dos acontecimentos, partiam sempre de seres determinados, como a chuva e o sol vinham do céu. E o céu era terrível, e os donos da casa eram fortes. Ora, sucedia que a minha mãe abrandava de repente e meu pai, silencioso, explosivo, resolvia contar-me histórias. Admirava-me, aceitava a lei nova, ingênuo, admitia que a natureza se houvesse modificado. Fechava-se o doce parêntese e isso me desorientava.

   a)  Ao se referir as violências sofridas quando menino, o autor compara-as a elementos da natureza (chuva, sol, céu). O que mostra ele, ao estabelecer tal comparação?
      A comparação a visão infantil de que “bem e mal ainda não existiam” e, por isso, “as pancadas e os gritos” pareciam tão imotivados e incompreensíveis quanto fenômenos naturais como a chuva.

     b)   Esclareça o preciso significado, no contexto, da expressão “fechava-se o doce parêntese”.
      A expressão refere-se a mudança de atitudes dos pais, que em alguns momentos eram duros, gritavam e batiam, e, de repente, mudavam, tornando-se doces e afáveis.


(ITA) – O poema a seguir, de autoria de Cecilia Meireles, faz parte do livro “Viagem”, de 1939.
Epigrama 11
A ventania misteriosa
Passou na árvore cor-de-rosa,
E sacudiu-a como um véu,
Um largo véu, na sua mão.

Foram-se os pássaros para o céu.
Mas as flores ficaram no chão.

                  Meireles, Cecilia. “Viagem/Vaga Música”. Rio de Janeiro:
                                                                          Nova Fronteira, 1982.
Esse poema:
I – Mostra uma certa herança romântica, tanto pelo teor sentimental do texto como pela referência à natureza.
II – Mostra uma certa herança simbolista, pois não é um poema centrado no “eu”, nem apresenta excesso emocional.
III – Expõe de forma metafórica uma reflexão sobre algumas experiências difíceis da vida humana.
IV – É um poema bastante melancólico por registrar de forma triste o sofrimento decorrente da perda de um ente querido.
Estão corretas as afirmações:
     a)   I e III.
     b)   I, III e IV.
     c)   II e III.
     d)   II, III e IV.
     e)   II e IV 

 (UERJ) – O poema de Cecilia Meireles apresenta um tom épico e revela afinidades com as propostas que distinguiram a chamada geração de 30 da primeira da geração modernista.
     a) Indique duas características do poema relacionadas ao gênero épico.
      Algumas das características seriam:
      --- Tema tratado com dignidade, sem irreverência;
  --- Vocabulário identificado com o uso da língua em situações de formalidade;
  --- Abordagem de fatos históricos, encarados sob a perspectiva da coletividade.

     b) Aponte um aspecto em comum entre a perspectiva da autora sobre o país, revelada nesse texto, e a que predominou na obra de romancistas da geração de 30.
      A poetisa aborda criticamente os problemas do Brasil, enfocando as origens da desigualdade social – tema frequente no romance regionalista a partir dos anos 30.




  



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