segunda-feira, 2 de abril de 2018

POEMA: VOLTA À CASA PATERNA - JORGE LIMA - COM GABARITO

POEMA -  Volta à casa paterna


É tarde e eu quero entrar em casa,
Que a noite vem aí, cheia dos seus espantos.
A luz foi intensa, o dia foi cálido,
O ritmo das horas é monótono e irreal.
As danças do pátio, as paisagens de fora,
Os caminhantes são falsos.
Os caminhos são errados.

Os ritmos são errados.
Os poemas são outros.
A noite aí vem cheia dos seus espantos.
Há uma rede aqui dentro que me embalou.
Há uma parede da sala uma estampa sagrada
Que por mim chorou.
Há um raio de lua no corredor.
Será a alma de meu pai que Deus mandou?
Casa, doce casa sem elevador,
Cadê o Ford que me levou?
Há sombras que passam, fantasmas que vão,
Que vem, que choram, que riem, que me beijam...
Há um livro aberto na minha mesa:
Padre Nosso que estás no céu, santificado,
Vem a nós... assim na terra...
                                       
                                       LIMA, Jorge de. In: BUENO, Alexei (Org.).
                                                      Jorge de Lima: poesia completa.
                                                  Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997.
                                                                          p. 291. (Fragmento).

Entendendo o poema:

01 – A temática abordada nesse poema foi trabalhada por outros autores, como o autor parnasiano Luís Guimarães Júnior, no soneto “Visita à casa paterna”.
     a) Releia os dois primeiros versos do texto e explique por que o eu lírico deseja voltar à casa paterna.
      O tempo passou (“é tarde”), e ele sentiu necessidade de rever seu antigo lar, enquanto isso é possível, fugindo assim de seus problemas.

     b) Como foram as experiências do eu lírico durante o tempo em que viveu distante da casa paterna.
      Difíceis, pois parece que nada deu certo na vida dele.

02 – No poema há um verso que se repete, com pequenas alterações, e que praticamente divide o texto em dois momentos: o da ida e o da volta.
     a) Qual é esse verso? Explique o sentido que ele expressa, comparando-o ao verso que lhe é similar.
      “A noite aí vem cheia dos seus espantos”. Nesse caso, o advérbio aí está antes do verbo e não há vírgula como no outro verso, na segunda linha: “que a noite vem aí, cheia dos seus espantos.”

     b) Na segunda parte do poema, o eu lírico parece buscar um refúgio, Para reencontrar-se. Como acontece, então, essa volta?
      Identifica-se com os objetos de sua infância que lhe trazem boas lembranças: a rede que o embalou, a estampa sagrada (de um santo ou talvez da mãe); e imagina a presença do pai.

03 – Na casa, o eu lírico já não se sente mais sozinho, pois retornam as lembranças e as visões da infância.
     a) Na terceira estrofe, que efeito produz a repetição do pronome relativo que?
      Realça as ações que ocorrem em uma sequência, como se o eu lírico estivesse vivendo tudo aquilo novamente.

     b) O que poderia simbolizar o livro aberto sobre a mesa e, em seguida, na quarta estrofe, a oração que se inicia?
      Pode ser que o livro aberto seja a Bíblia; em muitas casas brasileiras, é comum mantê-las abertas em prateleiras próximas da entrada.

04 – Releia estes versos:
                “É tarde e eu quero entrar em casa,
                Que a noite vem aí, cheia dos seus espantos.
                A luz foi intensa, o dia foi cálido,
                O ritmo das horas é monótono e irreal”.

     a) Qual é a oração sem sujeito e o predicado verbo-nominal encontrados nesses versos?
      “É tarde”: oração sem sujeito; “que vem aí, cheia dos seus espantos”: predicado verbo-nominal.

     b) Transcreva os núcleos dos predicados nominais em cada oração.
      Tarde, intensa, cálido, monótono, irreal.

 c)Qual o sujeito e o seu núcleo no quarto verso?
        O ritmo das horas; núcleo: ritmo.

  d)Há predicado verbal apenas em que verso?
        “E quero entrar em casa”.

     
     

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