segunda-feira, 5 de março de 2018

CRÔNICA DO MANDIOCAL - DINÁ SILVEIRA DE QUEIRÓS - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO


CRÔNICA DO MANDIOCAL


        Quem me conta esta é o primo muito querido, Rodrigo de Queirós Lima. Aconteceu em Belo Horizonte, com um padre que trouxe das profundezas de Goiás um indiozinho bem pequenino, jamais saído de sua taba. Dentro dela a vida era sempre igual: a pesca dos homens, a caça e o cuidado geral de todos os membros da tribo com a mandioca. A mandioca era o alimento, a fortuna, o bem-estar social de todo o grupo, significava o grande interesse da pequena coletividade.
        O indiozinho viu a formosa Belo Horizonte, portanto, pela mão do bom padre. Conheceu até o Mineirão. Viu seus altos edifícios novos, suas arrojadíssimas construções modernas, os cinemas, os bancos, as praças e tudo viu sem fazer perguntas, sem mostrar maior curiosidade. Ao sacerdote, aquela atitude do menino parecia incompreensível, pois esperava que o curumim tão pequenino, que jamais havia saído de sua taba, tivesse um choque até excessivo diante das maravilhas que ele lhe mostrava pacientemente. Por fim, aquilo foi ficando monótono para o padre. Ele dizia:
        --- Nesta casa só, há cento e vinte “malocas”, isto é, cento e vinte apartamentos.
        O indiozinho olhava, prestava atenção naquela grande casa onde o homem civilizado agregava suas malocas – umas sobre as outras. Não sorria, não se admirava. Parecia até mesmo que todo aquele mundo de edificações, toda aquela deslumbrante e feérica realização que é Belo Horizonte, não despertasse no pequeno silvícola senão um bocejo e a espera de algo melhor para ver. Depois de mais de quarenta minutos pela cidade, vista de dentro de um carro – o padre ia na direção –, foi que o garoto disse a primeira frase de impaciência:
        --- Meu padim (era assim que chamava o padre amigo), quando é que a gente vai visitar o mandiocal deste povo? Você mostra tudo, mas onde é o mandiocal?
        Todo o interesse é ligado à vida de cada um. A grande cidade não valia nada aos olhos do curumim porque não tinha um mandiocal.

                                              Diná Silveira de Queirós. Seleta pág. 7.
                                                        Editora José Olympio, Rio, 1974.

Entendendo o texto:
01 – O assunto principal do texto é:
      (   ) A importância da mandioca para os índios.
      (   ) Belo Horizonte, uma grande cidade moderna.
      (X)  Indiozinho visita a cidade grande.

02 – Com esta crônica a autora quis provar que:
      (   ) A mandioca é o principal alimento dos indígenas brasileiros
      (   ) Belo Horizonte cresceu muito.
      (X)  Cada um dá valor às coisas de seu interesse, de sua vivência.
      (   ) Os índios não se adaptam à nossa civilização.

03 – Na primeira frase de segundo parágrafo, a cronista quis dizer que o curumim viu a cidade:
      (   ) Segurando a mão do padre.
      (X)  Por meio do padre, conduzido pelo padre.

04 – Diante de todas as maravilhas da cidade grande, o indiozinho demonstrou:
      (X)  Indiferença, desinteresse, enfado.
      (   ) Admiração, espanto.
      (   ) Alegria, entusiasmo.

05 – O sacerdote ficou muito surpreso com essa atitude do indiozinho, pois esperava que o curumim:
      Sofresse um choque, um impacto muito forte, diante das maravilhas da cidade grande que ele nunca vira.

06 – Por que, na linha 18, a palavra “malocas” está entre aspas?
      Porque nessa passagem do texto tem o sentido de “apartamentos”.



07 – Transcreva do texto a legenda sugerida pela figura:
      Nesta casa só há cento e vinte “malocas”.

08 – O bocejo, na linha 25, foi a manifestação física de:
      (   ) Cansaço.       (   ) Sono.       (X) Enfado, falta de interesse.

09 – Por que o garoto Índio não se interessou pela cidade?
      Porque a cidade não tinha um mandiocal.

10 – A autora narrou um caso que ela:
      (   ) Presenciou.     (X) Ouviu contar.    (   ) Leu num livro.





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