domingo, 4 de fevereiro de 2018

CRÔNICA: PANACEIA INDÍGENA - STANISLAW PONTE PRETA - COM GABARITO

CRÔNICA: PANACEIA INDÍGENA
                      Stanislaw Ponte Preta

    Diz que o pajé da tribo foi chamado à tenda do cacique. Quando o pajé entrou, o cacique estava deitado, meio sobre o gemebundo, se me permitem o termo. A perna do cacique estava inchada, mais inchada que coxa de corista veterana. Tinha pisado num espinho envenenado. O pajé examinou, deu uns dois ou três roncos de pajé e depois aconselhou:

        – Chefe tem de passar perna folha de galho passarinho azul pousou.
      Disse e se mandou, ficando os índios do “staff” do cacique (cacique também tem “staff”) encarregados de arranjar a tal folha. Depois de muito procurarem, viram uma sanhaço pousado num galho de mangueira e trouxeram algumas folhas. Mas – eu pergunto – o cacique melhorou? E eu mesmo respondo: aqui! ó…
      No dia seguinte estava com a perna mais inchada. Chamaram o pajé de novo. O pajé veio, examinou e lascou:
      – Hum… hum… perna grande guerreiro melhorou nada com  folha galho passarinho azul pousou. Precisa lavar com água de Lua.
     Disse e se mandou. O “staff” arranjou uma cuia e botou a bichinha bem no meio da maloca, cheia de água, que era para – de noite – a Lua se refletir nela. Foi o que aconteceu. De noite houve Lua e, de manhãzinha, foram buscar a cuia e lavaram com a água a perna do cacique.
        O pajé já até tinha pensado que o chefe ficara  bom,  pois  não  foi mais chamado. Passado uns dias, no entanto, voltaram a apelar para os seus dotes de curandeiro. Lá foi o pajé para a tenda do cacique, encontrou-o deitado com a perna mais inchada que cabeça de botafoguense. Aí o pajé achou que já era tempo de acabar com aquilo. Examinou bem, fez um exame minucioso e sentenciou:
       – Cacique vai perdoar pajé, mas único jeito é tomar penicilina!

                                                     (STANISLAW PONTE PRETA, Garoto Linha Dura)
Entendendo o texto:

01 – O pajé foi chamado à tenda do cacique para curá-lo de um mal. O que causou esse mal?
      Um espinho envenenado.

02 – Para enfatizar o inchaço da perna do cacique, o autor fez duas comparações maldosas.  Identifique quais e transcreva-as aqui.
      a) a coxa de corista veterana          
      b) mais inchada que cabeça de botafoguense

03 – O que o pajé receitou ao cacique, nas duas primeiras visitas?
      a) folha de galho em que pousou passarinho azul
      b) água de Lua

04 – O pajé foi chamado pela terceira vez porque:
a. (X) o tratamento prescrito anteriormente não surtiu efeito.
b. (   ) os índios do “staff” foram negligentes ao administrar o tratamento.
c. (   ) os métodos curativos indígenas não curam antes da terceira sessão.
d. (   ) houve interpretação errônea da receita.

05 – O autor afirma que o pajé receitou penicilina. Com isso, pretende fazer-nos rir, pois a penicilina é totalmente estranha à medicina tradicional dos índios. Analisando melhor essa afirmação, notamos que o autor pretende também:
a. (   ) demonstrar que até os caciques vivem cercados de auxiliares incompetentes.
b. (X) menosprezar o tratamento dos curandeiros, mostrando que ele de nada vale.
c. (   ) enaltecer o progresso dos indígenas, que conhecem medicamentos modernos.

06 – Pelo contexto, você deve ter concluído que panaceia (título do texto) é:
a. (   ) anedota, piada, história divertida
b. (   ) confusão, atropelo, correria
c. (X) remédio, aquilo que pode curar

07 – Dá-se o nome de oca à construção em que moram os índios. Essa palavra, entretanto, não foi usada no texto. Que palavra o autor usou para referir-se à casa dos índios?

      Tenda.

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