quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

REPORTAGEM: TRANSGÊNICOS - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

Texto: Transgênicos

        A sociedade civil ainda não foi esclarecida sobre o problema.


         Quase duas décadas de debates.
        A polêmica em torno dos organismos geneticamente modificados (OGMs), popularmente conhecidos como transgênicos já fez história. Começou nos anos 1990, quando ocorreram as primeiras colheitas de grãos alterados geneticamente.
        O movimento de resistência surgiu em torno da Campanha por Segurança Alimentar e agregou diversas organizações não-governamentais. Desde então, o número de entidades envolvidas e as ações empreendidas se ampliaram. No Brasil, a mobilização civil começou com a campanha por um Brasil Livre de transgênicos, que publicou cartilhas impressas e boletins eletrônicos, promoveu eventos e manifestações públicas, e divulgou resultados de testes realizados em alimentos.

        Pressão Multinacional

        A encrenca começou em outubro de 1998, quando foi liberado o primeiro plantio de soja geneticamente modificada no país produzido pela multinacional Monsanto, uma das maiores empresas de biotecnologia do mundo. A liberação ocorreu depois que produtores do Rio Grande do Sul usaram sementes de países fronteiriços, como a Argentina, onde esse tipo de cultivo já era permitido, e pressionaram o governo para que sua safra pudesse ser comercializada. A autorização saiu, por medida provisórias, para as safras 2003 / 2004, 2004 / 2005 e 2005 / 2006. A liberação definitiva, no entanto, veio acompanhada de algumas condições, entre elas a necessidade de o agricultor assinar uma declaração reconhecendo o uso de OGMs e comprometendo-se a não usar os grãos gerados em uma próxima safra. Em relação à soja, é nesse pé que as coisas se encontram em 2006, após a aprovação e a regulamentação da Lei de Biossegurança.
        O algodão Bollyard Evento 531, também da Monsanto, é outro capítulo. Seu cultivo foi liberado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), também com algumas exigências. Uma delas: 20% de algodão convencional deve ser cultivado em áreas cercadas e isoladas para evitar contaminação.

        Níveis de Tolerância

        Desde 2003, vigora no Brasil o Decreto-Lei n° 4.680, que exige a informação, no rótulo de alimentos e ingredientes que contenham mais de 1% de componentes transgênicos. Anteriormente era a partir de 4%. Para o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), entretanto, a alteração ainda não é satisfatória e tem duas reclamações nessa área. A primeira é que muitos alimentos contêm menos de 1% de ingredientes geneticamente modificados – e o consumidor ignora a informação. A outra é que produtos como bolachas, bolos, massas, chocolates, óleos, margarinas e seus derivados, que sofrem processamento térmico mais agressivo, têm suas proteínas destruídas, o que impede a detecção de organismos geneticamente modificados.
        “Nos supermercados não há produtos que tragam o símbolo indicando a existência de OGMs, não porque eles não existam, mas porque a informação desaparece quando entra em fabricação, e não existe fiscalização”, afirma Gabriela Vuolo, coordenadora da área de consumidores da campanha de transgênicos do Greenpeace. Na União Europeia, desde 2004 o limite para não rotular um produto como geneticamente modificado é 0,9%. Na Suíça, 0,1%. Na Rússia e no Japão, 5%.
        O milho transgênico já está autorizado para plantio em países europeus, como Portugal e Alemanha, mas ainda não está liberado no Brasil.
        Muitas questões ainda estão pendentes. O peso dos custos variará, também, conforme a localização da lavoura, as condições de transporte, o armazenamento. Nada disso foi ainda avaliado. O que existem são estimativas. "O incremento poderá representar apenas 0, 5% do valor de 1 tonelada de grãos de soja em regiões próximas aos portos. Entretanto, poderá alcançar de 6% a 8% se as cargas passarem por vários transbordos, diferentes tipos de armazéns e regiões mistas. Isso ocorre com o produto do Centro-Oeste, onde será necessário segregar os grãos transgênicos dos tradicionais", diz o engenheiro agrônomo José Maria da Silveira, pesquisador do Núcleo de Economia Agrícola do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e professor nas áreas de Microeconomia e Métodos Quantitativos.
        A identificação dos carregamentos, com informações claras e precisas sobre o nome da variedade e o gene modificado, é obrigatória, por força de acordo internacional, mas é também uma providência de interesse nacional, fundamental para a biossegurança. Então, o dinheiro que os produtores terão de investir adquire um colorido diferente. Passa a compor um interesse difuso, de toda a sociedade. "Os gastos não serão muito altos e as empresas terão de arcar com isso. E os investimentos iniciais eventualmente serão incorporados ao orçamento dos empreendimentos", afirma Paulo Pacini, coordenador de ações judiciais do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
        Está visto que, para o debate se transformar em algo mais produtivo, que possa resultar em ações coerentes, justificáveis e efetivas, falta ainda muita informação. Pesquisadores em agronegócios, economistas e especialistas em prospectar mercados têm trabalho de sobra a fazer nessa área. E há urgência. Afinal, seis anos passam num piscar de olhos.

                                       Trechos da matéria “Quanto custa o rótulo”.
                                               Revista Desafios do Desenvolvimento.
Entendendo o texto:
01 – Qual o título do texto? E o subtítulo?
      Transgênicos. A Sociedade Civil ainda não foi esclarecida sobre o problema.

02 – A polêmica sobre os transgênicos, já faz décadas. Desde quando começou?
      Começou nos anos de 1990, quando ocorreram as primeiras colheitas de grãos alterados geneticamente.

03 – Com o movimento de resistência aos transgênicos. Qual foi a atitude tomada no Brasil?
      No Brasil, a mobilização civil começou com a campanha por um Brasil Livre de transgênicos, que publicou cartilhas impressas e boletins eletrônicos, promoveu eventos e manifestações públicas, e divulgou resultados de testes realizados em alimentos.

04 – Quando foi liberado o primeiro plantio de soja geneticamente modificada no País? E por quem é produzida as sementes?
      Foi liberada em outubro de 1998, produzido pela multinacional Monsanto.

05 – Os produtores brasileiros, conseguiram autorização para comercialização de que safras? E qual condição imposta aos agricultores?
      A autorização saiu para as safras de 2003/2004; 2004/2005 e 2005/2006.
      A liberação definitiva, no entanto, veio acompanhada de algumas condições, entre elas a necessidade de o agricultor assinar uma declaração reconhecendo o uso de OGMs e comprometendo-se a não usar os grãos gerados em uma próxima safra.

06 – O algodão Bollyard Evento 531, também da Monsanto. Por qual órgão foi liberado o seu plantio e qual a exigência?
     Seu cultivo foi liberado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), também com algumas exigências. Uma delas: 20% de algodão convencional deve ser cultivado em áreas cercadas e isoladas para evitar contaminação.

07 – A partir de quando foi aprovado o Decreto-Lei que exige a informação no rótulo sobre o componentes transgênicos?
      Desde 2003, vigora no Brasil o Decreto-Lei n° 4.680, que exige a informação, no rótulo de alimentos e ingredientes que contenham mais de 1% de componentes transgênicos.

08 – Para o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, ainda não é satisfatório e tem duas reclamações. Quais são elas?
       A primeira é que muitos alimentos contêm menos de 1% de ingredientes geneticamente modificados.
      A segunda é que produtos como bolachas, bolos, massas, chocolates, óleos, margarinas e seus derivados, que sofrem processamento térmico mais agressivo, têm suas proteínas destruídas, o que impede a detecção de organismos geneticamente modificados.

09 – De acordo com o texto; Quais os países que é obrigatório a descrição no rótulo dos produtos e qual a porcentagem?
      Na União Europeia, desde 2004 o limite é 0,9%.
      Na Suíça é de 0,1%.
      Na Rússia e no Japão é de 5%.

10 – Em quais países, já foi liberado o plantio do milho transgênico?
      Nos países da Europa, como Portugal e Alemanha.

11 – Quanto ao preso dos custos variará, conforme a localização da lavoura, as condições de transportes, o armazenamento. Qual a região que o produto ficará mais caro?
      Na Região Centro-Oeste, onde será necessário segregar os grãos transgênicos dos tradicionais.

12 -  A identificação dos carregamentos, com informações claras e precisas sobre o nome da variedade e o gene modificado, é obrigatória, por força de acordo internacional, mas é também uma providência de interesse nacional, fundamental para a biossegurança. Isso terá um custo, quem pagará esse custo?
      "Os gastos não serão muito altos e as empresas terão de arcar com isso. E os investimentos iniciais eventualmente serão incorporados ao orçamento dos empreendimentos".

13 – Está visto que, para o debate se transformar em algo mais produtivo, que possa resultar em ações coerentes, justificáveis e efetivas, falta ainda muita informação. Quem são os responsáveis neste setor?
     Os pesquisadores em agronegócios, economistas e especialistas em prospectar mercados têm trabalho de sobra a fazer nessa área. E há urgência. Afinal, seis anos passam num piscar de olhos.


     

     

     

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