segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

REPORTAGEM: AMAZÔNIA; LAR, DOCE LAR - EDUARDO GÓES NEVES - COM GABARITO

REPORTAGEM: Amazônia; lar, doce lar
                             Eduardo Góes Neves

        Se alguém diz “Amazônia”, quase sempre nos pegamos imaginando uma grande floresta. Mas quem é que mora lá? Hoje, muitas pessoas vivem na região amazônica – cidades como Belém e Manaus têm mais de um milhão de habitantes! – e, no passado, a Amazônia foi o lar de diferentes populações. Vamos fazer uma viagem no tempo e saber mais sobre antigos moradores da maior floresta tropical do mundo?
        Os povos que habitaram a Região Amazônica há milhares de anos não produziram textos nos quais descreviam o modo como viviam. Para saber quem eles eram e como viviam, os arqueólogos – cientistas que estudam os costumes e as culturas de populações antigas – buscam informações no estudo daquilo que esses povos produziam no passado e que resistiu à longa ação do tempo e de elementos da natureza, como o sol, a chuva e o vento.
        Os mais variados materiais podem ser úteis para o trabalho dos arqueólogos. Vasos de cerâmica, tanto inteiros como quebrados em pedaços, por exemplo, podem trazer informações importantes. O mesmo acontece com objetos feitos de pedra lascada ou polida. Para esses especialistas, interessam também dados sobre a forma de enterrar os mortos, amostras de solo ou de carvão, além de pinturas ou gravuras feitas sobre rochas.
        Tudo isso é exemplo do que pode ser encontrado nos chamados sítios arqueológicos, recuperados por meio de escavações e levados ao laboratórios. Lá, esses materiais são processados, catalogados e analisados. A partir deles, os arqueólogos formulam muitas perguntas, tentam responde-las e elaboram hipóteses sobre a forma como viviam os povos que habitavam a Amazônia no passado.
        Nos últimos anos, por exemplo, os cientistas que trabalham na Amazônia têm tentado responder a uma pergunta aparentemente simples: Qual era o tamanho da população amazônica na época em que o Brasil foi descoberto, ou melhor, colonizado pelos europeus? Essa questão, que ainda deve demorar um bom tempo para ser respondida, traz consigo muitas outras dúvidas. Por exemplo: Será que os antigos habitantes da Amazônia moravam em aldeias fixas em determinadas regiões ou em pequenos acampamentos que mudavam de lugar sempre? Como essas pessoas conseguiam seus alimentos? Elas caçavam, pescavam e coletavam frutos ou cultivam pequenas roças? Qual impacto elas causavam à natureza? Será que, como ocorre hoje, os antigos povos que habitavam a Amazônia realizam queimadas ou desmatavam a floresta? [...]

        Há milhares de anos

        Atualmente, sabe-se que a Amazônia é habitada há pelo menos 11 mil anos, sendo que ainda existe a possibilidade de que antes disso já houvesse povos na região. Os primeiros habitantes da Floresta Amazônia viviam da caça, da pesca e da coleta de frutos e raízes, sendo que algumas das plantas que costumavam comer ainda hoje são populares na Amazônia, como o Buriti, a bacaba, a pupunha e, posteriormente, o açaí. Por lidarem constantemente com os vegetais, acredita-se que, eventualmente, esses povos antigos passaram a cultivar algumas espécies, como a mandioca.
        É importante dizer, porém, que os arqueólogos conhecem mais sobre o início da presença humana na Amazônia – que ocorreu entre onze mil e sete mil anos atrás – do que sobre o período mais recente – que vai de sete mil a três mil anos atrás. O que se sabe, porém, é que, a partir de três mil anos atrás, há evidência de que o tamanho das populações que viviam na Amazônia cresceu. Isso é comprovado pelo aumento da quantidade e das dimensões dos sítios arqueológicos da região, sendo que há ainda outras marcas desse crescimento.
        No estado do Pará – na Ilha de Marajó e na cidade de Santarém –, bem como no Amazonas – na cidade de Manaus –, foram encontradas cerâmicas elaboradas, que apresentam ricos desenhos, com idade a partir de 2.900 anos. Por serem tão detalhadas, elas indicam que provavelmente havia um grupo especializado na sua confecção, sugerindo a existência de uma divisão de trabalho na sociedade em questão, o que normalmente somente acontece dentro de grandes populações.
        Já outro indicativo de crescimento populacional na Amazônia há cerca de dois mil anos é encontrado na parte leste da Ilha de Marajó. Nessa época, começaram a ser construídos ali grandes aterros artificiais, na forma de colinas, que serviam de moradia, de cemitério e, também, ajudavam a população local a pescar.
        Encontrados em uma região coberta por campos que passavam metade do ano inundados pela água da chuva, os aterros, por sua localização, acabavam servindo para formar áreas em que a água ficava retida durante a seca. Nelas, havia peixes que eram consumidos pelas populações, que também produziam cerâmica com pintura em branco, preto e vermelho, já encontradas em escavações.
        Por fim, outro indício do grande crescimento dos povos que viviam na Amazônia há cerca de três mil anos é a existência das chamadas terras pretas de índio, férteis solos escuros formados no passado por meio da ação humana, não se sabe se intencionalmente ou não. Para que elas surgissem, era preciso que populações passassem muito tempo em um mesmo local, às vezes, até alguns séculos.
        Os sítios arqueológicos com terra preta de índio têm tamanhos variados, sendo que alguns são considerados bem extensos – com dezenas de hectares –, o que indica que as populações que ali viveram espalhavam-se por grandes pedaços de terra. Curiosamente, hoje esses locais são procurados pelos agricultores porque permitem o cultivo contínuo sem a perda de sua fertilidade. Logo, entender como eles foram formados pode contribuir para que se desenvolvam técnicas adequadas para o uso atual dos solos da Amazônia. Afinal, um dos maiores desafios que o Brasil enfrenta é o de se encontrar formas de explorar os recursos naturais da Amazônia sem destruí-los. E o que a arqueologia da região tem mostrado é que, do passado, pode vir uma dica de como nós, atualmente, poderíamos empregar o solo amazônico, evitando os desmatamentos feitos para substituir a floresta por plantações.
             Neves, Eduardo Góes. Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo.
                 
  Ciência Hoje das Crianças. Ano 21, n° 187, jan. fev. 2008. p. 2-5.

Interpretação do texto:

01 – Qual a função do título em uma reportagem?
      Em letras chamativas, ele tem o objetivo de chamar a atenção do leitor.

02 – Roda reportagem destina-se a um público-alvo, ou seja, o público que mais se interessa por aquele tema. Diante disso, responda.
a)   Essa reportagem foi publicada numa revista especializada em assuntos científicos. Analisando o título da revista e a linguagem utilizada, você considera que o texto foi escrito para qual público-alvo?
Resposta pessoal do aluno.

b)   Como você chegou a essa conclusão? Justifique a sua resposta, citando um trecho da reportagem.
Resposta pessoal do aluno.

03 – A publicação dessa reportagem é de 2008. Você considera as informações ali presentes importantes até hoje? Por quê?
      Sim. Porque ela nos informa tudo sobre as propriedades existente na terra, sem que seja feito o desmatamento descontrolado.

04 – Em termos de estrutura, a reportagem assemelha-se muito ao gênero notícia, que você já estudou. Assim, é muito comum você encontrar em uma reportagem a seguinte estrutura: o título e / ou manchete, o lide, o corpo da reportagem e imagens. Retome, com o auxílio do seu professor, os conceitos relacionados à estrutura da notícia e, de acordo com a reportagem que você leu, indique.
a)   Título da reportagem:
Amazônia: Lar, doce lar.

b)   Quantos parágrafos tem o corpo da reportagem:
12 parágrafos.

c)   Qual o nome do autor? Onde ele trabalha? Por que é importante saber quem é o autor de uma reportagem?
Eduardo Góes Neves. No Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo. É através do conhecimento do autor da reportagem é que podemos dar a credibilidade ou não.

05 – Sublinhe, na reportagem, o lide do texto.
      O 1° parágrafo.   
  
06 – Toda reportagem parte de fatos relevantes para a sociedade. Por ser um texto mais extenso, a reportagem pode ser dividida em partes pelo autor. Releia a reportagem e escreva, em seu caderno, quais foram os fatos reais abordados na primeira parte do texto.
      Resposta pessoal do aluno.

07 – Sobre a segunda parte da reportagem que você leu, assinale V para as alternativas verdadeiras e F para as falsas:
(F) De acordo com pesquisas, a Amazônia é habitada há mais de 11 milhões de anos, mas há indícios de que outros povos já habitavam a região antes disso.
(V) Os povos antigos que habitavam a Amazônia alimentavam-se basicamente de caça, pesca, frutos e raízes retirados do solo; por isso, acredita-se possível que cultivassem a mandioca.
(F) Segundo os dados, a população da Amazônia diminuiu no período entre 7 mil e 3 mil anos atrás e ainda não há explicações científicas para justificar essa diminuição demográfica.
(F) Com base em estudos, acredita-se que não havia divisão de trabalho nos antigos povos que habitavam a Amazônia, pois viviam em tribos nas quais todos faziam de tudo um pouco.
(V) Os povos antigos construíam aterros artificiais, na forma de colinas, que serviam de moradia, de cemitério e, também, ajudavam a população local a pescar.
(V) A presença de terra preta do índio é um grande indício do crescimento da população na região Amazônica há cerca de 3 mil anos, pois para que ela surgisse era necessário que os habitantes passassem muito tempo em um mesmo local.
(V) Segundo o autor, conhecer o passado das terras amazônicas e o modo como foram utilizadas pelos povos antigos pode ajudar a desenvolver técnicas de cultivo na região sem destruir os recursos naturais da Amazônia.

08 – Aponte as principais características do gênero textual da reportagem.
      Como principais características da reportagem podemos citar: a presença de títulos e a escolha de temas atuais mediados por um texto de cunho jornalístico, cuja linguagem e clara e simples.

09 – Quais os suportes em que as reportagens aparecem geralmente?
      Os principais suportes onde se observa a maior ocorrência de reportagem são os meios de comunicação (jornais, revistas, televisão, rádio, internet, etc.).

10 – Qual a principal diferença entre os gêneros textuais: reportagem e notícia?
      Embora sejam dois textos jornalísticos, a principal diferença entre esses tipos de produções textuais está no teor opiniativo. Outro ponto importante a ressaltar é que a reportagem é um texto maior e mais complexo que a notícia.

11 – De acordo com o que se viu no texto, faça uma reportagem com tema atual e de sua escolha.
      Resposta pessoal do aluno.
     


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