terça-feira, 18 de abril de 2017

NOTÍCIA: EMBAIXO DA PONTE, SEM NÚMERO (MORADIA)- KATIA CALSAVARA - COM GABARITO


NOTÍCIA – EMBAIXO DA PONTE, SEM NÚMERO

       O endereço das famílias R. e S. é um buraco que fica embaixo de um viaduto sem nome, ao lado da ponte da Casa Verde, na Zona Norte de São Paulo. Acredite se quiser: o buraco fica na própria estrutura do viaduto, como uma toca de tatu.
       Lá não entra luz do sol, e o chão é de terra batida. Luz elétrica, só à noite, quando os postes da rua são acesos. “Mas é melhor que morar na favela. Sonho com uma casa de verdade”, diz Juliana S., 12.
       Dentro do buraco, duas famílias dividem o espaço. De um lado da ponte, fica a família de Juliana, com sete pessoas. Do outro lado, a de Daniel R., 11, que vive com a mãe, os dois irmãos e mais cinco primos, que sempre ficam “hospedados” na “casa”.
       “Eu falo para os meus amigos que moro neste buraco. Vou esconder por quê? Mas eles dão risada de mim”, conta Jaqueline S., 9.

       RUA É QUINTAL

       Espaço para tanta gente não há. As crianças se amontoam para dormir em colchões espalhados pelo chão. Além das péssimas condições de higiene, elas correm risco ao brincarem numa área tão próxima à rua, onde os carros passam a mais de cem quilômetros por hora. O “quintal” delas é um gramado da marginal Tietê.
       Os meninos engraxam sapatos para ajudar nas despesas, ou então vendem panos de prato. “Tiro uns 30 reais às sextas-feiras. Engraxo lá no Bom Retiro, conta Rafael.
       Para tomar banho, eles precisam esquentar água, que buscam em um posto perto da “casa”. “Eu tomo banho quando dá”, diz o garoto.
       Segundo pesquisa realizada pela Siurb (secretaria de Infra Estrutura Urbana), neste ano, cerca de 1.480 famílias (ou 5.600 pessoas) moram embaixo de viadutos em São Paulo.
                       CALSAVARA, Katia. Moradia: Embaixo da ponte, sem número.
                                 Folha de São Paulo, 27 out. 2001. Suplemento Folhinha.

1 – Releia o primeiro parágrafo de Embaixo da ponte... e responda as questões para verificar se as informações principais estão presentes.
a)     A quem se faz referência?
Às famílias R. e S.

b)    Onde ocorre o fato?
Num buraco, embaixo de um viaduto, ao lado da ponte da Casa Verde, na Zona Norte de São Paulo.

c)     Quando o fato noticiado aconteceu?
O primeiro parágrafo não informa, mas provavelmente é algo que ocorre à época da publicação do jornal. Por isso é importante verificar a data do jornal.

d)    De que trata a notícia?
Sugestão: Chama a atenção do leitor para o fato de um buraco embaixo de um viaduto servir como moradia para uma família; a moradia é comparada a uma toca de tatu.

2 – O que há de estranho no endereço dessas famílias?
       Não é um endereço como aqueles a que estamos habituados, com número da casa, CEP, etc. As famílias moram num buraco embaixo de um viaduto.

3 – Por que o lugar é comparado a uma toca de tatu?
       Porque é um buraco que fica na própria estrutura do viaduto. A repórter quis insinuar que seres humanos estão vivendo como bichos.

4 – Por que só luz elétrica à noite?
       Porque as lâmpadas dos postes, o único usufruto que fazem da eletricidade, são acendidas só a noite.

5 – No texto, lemos: “Juliana S., 12”; “Daniel R., 11”; “Jaqueline S., 9”. O que indicam os numerais?
       Indicam a idade de cada criança. Prof./a: informar aos alunos que se trata de um critério do jornal colocar a idade das pessoas citadas nas notícias.

 6 – O terceiro parágrafo informa quantas pessoas moram no mesmo endereço. Releia-o com atenção e faça a conta do número total de pessoas que ali residem.
       São 16 pessoas: 07 da família da Juliana e 09 da família de Daniel.

7 – Como você acha que é a convivência de um tal número de pessoas dividindo um espaço tão pequeno?
       Espera-se que os alunos apontem a provável dificuldade da convivência. É possível imaginar, no mínimo, más condições de descanso, falta de privacidade e desentendimentos daí decorrentes.

8 – Ao descrever a vida dessas famílias, o texto relaciona vários problemas enfrentados por todos no dia-a-dia. Faça uma lista desses problemas.
       Falta de espaço, de água, de energia elétrica e de luz solar, crianças dormindo amontoadas em colchões espalhados pelo chão, péssimas condições de higiene e risco de morte por atropelamento devido a proximidade de pistas de alta velocidade.

9 – De todos os problemas enfrentados por essas famílias, qual deles você considera o pior? Justifique.
       Resposta pessoal.
      

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