sexta-feira, 3 de março de 2017

CRÔNICA: O SENHOR - RUBEM BRAGA - COM GABARITO

         CRÔNICA:  O SENHOR


     Carta a uma jovem que, estando em uma roda em que dava aos presentes o tratamento de você, se dirigiu ao autor chamando-o “o senhor”:
     Senhora:
     Aquele a quem chamastes senhor aqui está, de peito magoado e cara triste, para voz dizer que senhor ele não é, de nada, nem de ninguém.
     Bem sabeis, por certo, que a única nobreza do plebeu está em não querer esconder sua condição, e esta nobreza tenho eu. Assim, se entre tantos senhores ricos e nobres a quem chamáveis você escolhestes a mim para tratar de senhor, é bem de ver que só poderíeis ter encontrado essa senhoria nas rugas de minha testa e na prata de meus cabelos. Senhor de muitos anos, eis aí; o território onde eu mando é no país do tempo que foi. Essa palavra “senhor”, no meio de uma frase, ergueu entre nós um muro frio e triste.
     Vi o muro e calei: não é de muito, eu juro, que me acontece essa tristeza; mas também não era a vez primeira.
                                                                           (BRAGA, R. A borboleta amarela.  
                                                                           Rio de Janeiro: Record, 1991.)
Entendendo o texto

I – A escolha do tratamento que se queira atribuir a alguém geralmente considera as situações específicas de uso social. A violação desse princípio causou um mal-estar no autor da carta. O trecho que descreve essa violação é:
a)     “Essa palavra, SENHOR, no meio de uma frase ergueu entre nós um muro frio e triste.”
b)    “A única nobreza o plebeu está em não querer esconder a sua condição.”
c)     “Só poderíeis ter encontrado essa senhoria nas rugas de minha testa.”
d)    “O território onde eu mando é no país do tempo que foi.”
e)     “Não é de muito, eu juro, que acontece essa tristeza; mas também não era a vez primeira.”

RESOLUÇÃO: A “violação” do princípio em questão – de que o tratamento que se dá às pessoas deve levar em conta a situação social – ocorreu porque a interlocutora, com sua forma cerimoniosa de tratamento, excluiu o autor do grupo de homens a que ela se dirigia de maneira informal e, portanto, mais calorosa e alegre (em oposição ao “muro frio e triste” do tratamento formal). Resposta: A.


                      

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