domingo, 15 de janeiro de 2017

POEMA: CANÇÃO DO AMOR IMPREVISTO - MÁRIO QUINTANA - COM GABARITO

POEMA -CANÇÃO DO AMOR IMPREVISTO
                  MÁRIO QUINTANA

Eu sou um homem fechado.
O mundo me tornou egoísta e mau.
E a minha poesia é um vício triste,
Desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar.
Mas tu apareceste com a tua boca fresca de madrugada,
Com o teu passo leve,
Com esses teus cabelos...
E o homem taciturno ficou imóvel, sem compreender
                                        [nada, numa alegria atônita...
A súbita, a dolorosa alegria de um espantalho inútil
Aonde viessem pousar os passarinhos!

        QUINTANA, Mario. In: CARVALHAL, Tania Franco (Org.). Poesia completa.
                             Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2005.p. 158. by Elena Quintana.

1   Relacione o título com o texto do poema e responda: de que trata o  eu lírico nesses versos?
     Não havia mais espaço para o amor em sua vida, pois ele tornou-se um ser amargurado pelas desilusões vividas.

2   Para o eu lírico, a poesia é um “vício”. Explique essa visão da poesia.
     A poesia é um ato do qual o eu lírico não pode se libertar, que lhe causa solidão, dor e constrangimento, como o pior dos vícios.

3   Observe que a segunda estrofe, composta de um só verso, inicia-se com a conjunção mas. O que ela opõe em relação aos versos anteriores?
     Ela põe fim à solidão do eu lírico, com a aparição de seu “amor imprevisto”.

4   Observe que a extensão dos versos é bem irregular; há versos curtos e  um longo. Essa irregularidade, complementada pela pontuação, cria um  ritmo para o poema.
     =   Que relação pode haver entre a construção desses versos e o sentido do poema?
     O ritmo marca as mudanças sofridas pelo eu lírico.

5   Observe os dois últimos versos do poema: que associação de sentidos  pode ser feita entre esse “espantalho inútil” e o eu lírico dos versos?
     Ele é o mesmo solitário e mau da primeira estrofe, mas agora a sua “ feiura” já não convence.



        


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